Pesquisadoras do projeto “De Olho nas Urnas – candidatura de mulheres e monitoramento da igualdade de gênero nas eleições de 2024” vão promover, na próxima semana, um simpósio com os principais resultados da etapa pré-eleitoral da pesquisa. Nesta fase, a equipe de estudiosas avaliou, nas eleições de 2020 para as câmaras municipais, a violência de gênero enfrentada pelas mulheres. O Simpósio será na terça-feira (04/06), das 13h às 18h, no auditório da Faculdade de Artes Visuais (FAV-UFG), e haverá certificação de horas extracurriculares aos participantes.
No evento, as pesquisadoras vão compartilhar a análise de 175 notícias – publicadas em 12 sites de variados espectros ideológicos – sobre violência de gênero em 2020. Também serão apresentadas as jurisprudências sobre os casos de candidaturas fictícias ou fraudes à cota de gênero. Além disso, serão divulgados os resultados de 80 entrevistas em profundidade, realizadas com candidatas de todas as regiões do país, e será esmiuçada a análise de números do TSE sobre as candidaturas femininas no último pleito municipal.
Metodologia
A equipe do “De Olho nas Urnas” é vinculada ao Núcleo de Direitos Humanos da UFG e tem como coordenadora geral a professora Angelita Lima, docente do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos (PPGDIH/UFG). O financiamento do projeto é do Observatório Nacional de Mulheres na Política (ONMP) da Câmara dos Deputados.
Além da fase pré-eleitoral, que se encerra no mês de junho, a pesquisa se subdivide em outros dois momentos. Haverá o monitoramento em tempo real das candidaturas femininas e das violências sofridas pelas candidatas nos pleitos municipais deste ano, em todas as regiões do Brasil. Encerrando os trabalhos de investigação, a fase final consistirá na análise comparativa entre as eleições de 2020 e 2024 no que tange à participação feminina na política.
Destaques
Dentre os dados quantitativos e qualitativos que serão apresentados no Simpósio, as pesquisadoras chegaram à conclusão de que o estado civil impacta significativamente o sucesso eleitoral das candidatas. Mulheres casadas têm uma taxa de sucesso nas eleições de 7,6%, quase o dobro das solteiras, que apresentam uma taxa de 3,9%.
Já entre os homens, se eles forem casados, as chances de sucesso, embora sejam aumentadas, não chegam a quase dobrar: há uma ligeira melhora – aos solteiros, a taxa de vitória é de 13,35%, já aos casados ela aumenta para 17%. A realização de entrevistas em profundidade com as candidatas reforçou a confirmação de que o estado civil é uma variável expressiva na análise da desigualdade e da violência de gênero.
No âmbito regional, a pesquisa destacou que a maior taxa de sucesso para mulheres candidatas está no Nordeste, com o Estado do Piauí alcançando aproximadamente 13%, seguido pelo Rio Grande do Norte, com 10,6%. Em contrapartida, o Estado do Rio de Janeiro apresenta a situação mais desfavorável, com uma taxa de sucesso de 1,37%.
Dados como esses serão detalhados no Simpósio. O objetivo é embasar, a partir da coleta e da discussão científica, políticas públicas que visem melhorias para a representatividade feminina na política.
Programação
O simpósio será dividido em painéis temáticos, cada um com 45 minutos de duração:
Painel 1: Trajetórias e Violências: apresentação de mulheres que ocupam ou ocuparam cargos políticos, destacando suas trajetórias e conquistas.
Painel 2: Desafios e Barreiras: discussão sobre os obstáculos enfrentados pelas mulheres na política, incluindo discriminação, falta de apoio e barreiras institucionais (com dados do TSE).
Painel 3: Na Mídia – Disputas Narrativas: Análise de políticas públicas e iniciativas que visam aumentar a participação feminina na política.
Painel 4: Comunicação para a Eficácia Acadêmica.
Acompanhe a pesquisa nas Redes Sociais: @deolho_nas_urnas.