Relatório focaliza Justiça Eleitoral no debate sobre gênero e raça nos pleitos

Análise de quase 1.400 decisões em 2024 mostra que temas como violência política de gênero ainda são pouco citados pelos tribunais

As discussões sobre questões de gênero e raça ainda são muito restritas nas jurisprudências dos tribunais eleitorais. As estudiosas e os estudiosos do De Olho nas Urnas coletaram e analisaram 1.393 decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) em nove capitais:

  • São Paulo(SP)
  • Rio de Janeiro (RJ)
  • Fortaleza (CE)
  • Salvador (BA)
  • Belo Horizonte (MG)
  • Manaus (AM)
  • Curitiba(PR)
  • Recife (PE) 
  • Goiânia (GO

A partir deste levantamento, a equipe estabeleceu uma análise quantitativa e uma análise qualitativa das decisões judiciais. 

Resultados Quantitativos

Período (Fases) Decisões do TSE Decisões dos TREs Total por Fase
Fase 1 (Janeiro a 18/08) 83 226 309
Fase 2 (19/08 a 07/10) 131 542 673
Fase 3 (08/10 a 01/11) 94 317 411
TOTAL GERAL
1.393

Principais Achados da Pesquisa

  • Foco Processual: A maioria das decisões tratou de questões processuais, propaganda eleitoral e registro de candidaturas, com pouca abordagem direta sobre gênero e raça.
  • Sub-representação Feminina: Houve baixa presença de mulheres como partes processuais e também entre os julgadores. No TSE, mais da metade dos processos foi julgada pela ministra Cármen Lúcia.
  • Legislação (ainda) ignorada: Nenhuma das 1.393 decisões fez referência expressa à Lei nº 14.192/2021 (de combate à violência política de gênero) ou ao Protocolo do CNJ para julgamento com perspectiva de gênero. 
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O que se conclui do relatório?

A pesquisa aponta para uma normalização, por julgadores majoritariamente homens, de condutas que poderiam ser enquadradas como violência política de gênero, tratadas como “normais” no jogo político. O debate, portanto, ainda é incipiente e tende a ganhar força em julgamentos futuros.

Fora este breve resumo, quer saber mais?