O projeto de pesquisa “De Olho nas Urnas: candidaturas de mulheres e monitoramento da igualdade de gênero nas eleições de 2024” lança sua segunda cartilha nesta quarta-feira (18/9). Intitulado “Mulheres de Olho na Democracia Brasileira”, o material pode ser acessado aqui. A iniciativa é da Universidade Federal de Goiás (UFG) com apoio do Observatório Nacional da Mulher na Política da Câmara dos Deputados.
Segundo a coordenadora técnica do projeto, a pesquisadora Ana Paula de Castro, que é doutoranda em Direitos Humanos pela UFG, o conteúdo foi desenvolvido para ser acessível e formativo, abordando de maneira simples temas como democracia, sua origem e os desafios recentemente enfrentados para sua manutenção.
A cartilha também aborda a história das mulheres na política brasileira e destaca figuras importantes como Benedita da Silva e Sônia Guajajara na luta por igualdade de gênero, raça e etnia. “Queremos, com isso, formar memória. Isso é fundamental para orientar outras mulheres na política”, destaca Ana Paula.
Confira a entrevista completa com a coordenadora técnica do projeto, a pesquisadora Ana Paula de Castro:
O que essa cartilha traz de novo às mulheres que fazem política? E às eleitoras comuns?
Ana Paula: Sentimos a necessidade de voltar ao começo: de retomarmos a importância da democracia no Brasil; necessidade de retomar as condições históricas que fizeram com que a nossa democracia fosse possível. Vimos, com o passar do tempo, que as pessoas – incluindo nós mesmas nesse processo – perdiam a noção do todo da caminhada: se hoje as mulheres podem lutar por condições de igualdade na esfera política, isso só é possível porque não vivemos em um sistema ditatorial; isso só é possível porque muitas, antes de nós, lutaram para que houvesse um Estado Democrático de Direito. E o que significa esse Estado? O que significa Democracia? Por que hoje ela está em risco? Ela está mesmo em risco? Por quê? São questões que geram dúvidas… Por isso, elaboramos esse material, que diz sobre estes temas de maneira simples, de modo formativo às mulheres, às novas gerações.
Como o material vai ser usado?
Ana Paula: A ideia é fazer rodar o material nas redes sociais durante o pleito. Mas é bom ressaltar que o material não é datado e está disponibilizado gratuitamente. Passado o tempo das eleições, a natureza não datada da cartilha nos ajuda, porque ela poderá ser usada em cursos formativos, por entidades civis, por professoras e por professores, por quem se interessar. Precisamos formar mulheres para que elas ingressem na política. Isso começa cedo, quando essas mulheres ainda são meninas.
Se você fosse destacar um conteúdo da cartilha, qual você destacaria?
Ana Paula: Fora o fato de ela fazer um histórico lúdico – com imagens, com ilustrações – sobre a democracia brasileira, eu destacaria a parte em que há a referência às mulheres negras e indígenas. Elas foram fundamentais à democracia brasileira. Mulheres como Benedita da Silva, Beatriz Nascimento, Sueli Carneiro, Lélia Gonzales, Sônia Guajajara… Queremos, com isso, formar memória. Isso é fundamental para orientar outras mulheres na política.
Ainda não viu a cartilha? Acesse aqui!